terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Torcida reage a mando de campo da FNF na Arena das Dunas


Público Zero. É este o nome de uma campanha idealizada por nove torcidas organizadas do ABC que estão inconformadas com o fato do time de coração estar impedido de decidir a Copa Cidade do Natal, o primeiro turno do Campeonato Potiguar, no Frasqueirão – o estádio do clube.

No regulamento do Estadual, a Federação Norte-rio-grandense de Futebol (FNF) determina que ao final de cada um dos dois turnos do torneio, “as agremiações melhores classificadas (1º e 2º lugar), independentemente de números de pontos conquistados, disputarão o título em duas partidas com mando da F.N.F”. O local escolhido pela entidade foi a Arena das Dunas.

Quando o regulamento foi apresentado aos clubes, três dos oito que disputam o certame foram contrários à medida. Coincidentemente, ABC e Globo, que junto ao Baraúnas preferiam que os turnos fossem decididos nos estádios dos times finalistas, chegaram à decisão. Os dois têm estádios próprios. O Frasqueirão, do ABC, tem capacidade para 16 mil torcedores, e o Barrettão, do Globo, comporta até 10 mil. As praças esportivas estão impedidas de receber os duelos decisivos. Isso revolta dirigentes de ambos e também a torcida.



“É inadmissível que a federação tire o mando do ABC. A gente tem casa e a federação bota o jogo na Arena onde até o sócio (que não precisaria comprar ingresso no Frasqueirão) vai ter que pagar”, lamentou Rodrigo Mendonça, diretor do Movimento 90, umas das nove organizadas que planejaram a campanha Público Zero.

A opinião do torcedor é respeitada pelo vice-presidente de Futebol do ABC, Leonardo Arruda. “O sócio vai ter que comprar ingresso normalmente. Eu lamento. É justificável essa reação da torcida. Mas não se pode abandonar uma equipe que se vencer esse primeiro turno vai garantir o calendário pra 2018”, comentou.

Além do prejuízo causado ao bolso do sócio torcedor, Arruda também ressalta que os parceiros do clube sofrerão sem os jogos da final do turno na casa alvinegra. “Nós temos um relacionamento com nossos patrocinadores, com os responsáveis por nossos bares… Isso é um prejuízo pra estes que pagam aluguel ou pra ter a imagem divulgada”, afirmou. Em seguida fez uma indagação que pode justificar o fracasso do regulamento. “Já imaginou se esses dois jogos fossem entre os dois clubes de Mossoró?”.

Ao portalnoar.com.br, o presidente do Globo, Marconi Barretto, classificou o impedimento de fazer um dos jogos da decisão no Barrettão como “uma situação delicada”. “Eu gostaria muito de trazer este jogo para Ceará-Mirim, mas tenho que cumprir as regras. Se eu não cumpro, começo a perder minha voz no futuro. Mas é claro que gostaríamos de jogar em nosso estádio”, frisou o mandatário.

Divisão da renda

Conforme informaram os dirigentes ouvidos pela reportagem, o vencedor de cada um dos dois jogos da final receberá 60% da renda líquida, os outros 40% serão destinados ao perdedor e em caso de empate o valor será dividido igualmente entre as duas equipes. Mesmo que vença, o diretor do ABC não acredita em lucros.

“O ABC tinha um contrato com a Arena (das Dunas). Os jogos estavam sendo deficitários mesmo com a renda sendo toda do ABC”, comentou Leonardo Arruda. Para tentar reforçar a arrecadação nas bilheterias, Marconi Barretto estuda locar ônibus para transportar os globais de Ceará-Mirim a Natal.

Do lado de fora

De acordo com Rodrigo Mendonça, do Movimento 90, as torcidas organizadas vão ficar do lado de fora da Arena das Dunas nesta primeira partida da decisão a ser disputada nesta quarta (22).

“Vamos levar cartazes, baterias, faixas… Vai ser como se o jogo fosse lá fora”, explicou o torcedor. Em seguida, ele informou que ainda é estudada a possibilidade de repetir a manifestação no ‘jogo da volta’, no dia 5 de março.

A reportagem tentou o contato com o presidente da FNF, José Vanildo, mas as ligações não foram atendidas. A informação obtida é de que o mandatário está no Rio de Janeiro para uma reunião na Confederação Brasileira de Futebol.

*Cerca de 30 minutos após a publicação, o presidente da FNF ligou para a reportagem e ressaltou que apenas cumpre o que estava previsto no regulamento, aprovado pela maioria dos clubes. “É algo que está no regulamento. Nós temos tudo pra ter um bom público”, citou José Vanildo.

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